sexta-feira, 9 de março de 2012

Moganshan - China (estudo: Paisagem na atividade turística)


Durante boa parte do início do século 20, Moganshan, uma montanha repleta de bambus a três horas de Shanghai, serviu de refúgio para a elite chinesa. Depois, o local começou a receber estrangeiros abastados, que construíram suas villas de pedra e quadras de tênis no alto da montanha. A cidade foi então descoberta pelos grandes investidores chineses. Mas, depois de um período de calmaria, os estrangeiros voltaram a repovoar as encostas de Moganshan, transformando antigas villas em casas e pousadas domiciliares. No final de 2011, o local recebeu duas propriedades de luxo. O eco-resort Naked Stables, com 121 quartos, oferece aos visitantes acomodações em hotéis sob árvores, com jacuzzi na varanda, e cabanas de taipa em estilo africano. Cercado por plantações de chá, o Le Passage Moganshan, com 40 quartos, tem casas inspiradas nas mansões históricas da cidade e um magnífico jardim com 12 mil rosas.

O estudo da paisagem como um fator primordial para atividade turística ainda é pouco expressivo. Talvez por não se considerar o quanto ela é importante e fundamental dentro do contexto da atividade. Muitas vezes descartamos o seu potencial em virtude de não compreendermos a sua real função. Para o turismo a interpretação da paisagem é algo que deveria se tornar quase que obrigatório. No decorrer desse artigo serão abordado alguns pontos para reflexão sobre essa questão.

Breve Histórico
A relação do homem com a natureza existe desde os primórdios, mas no início a natureza era algo assustador, onde o homem era exposto as suas intempéries. O homem buscava apenas sobreviver, e isso se tornava difícil, pois sofria com a ação dos animais selvagens, tempestades, mudanças climáticas bruscas, e outros. O medo era constante. A floresta no imaginário das pessoas além de um lugar perigoso era onde se escondiam as bruxas, duendes e monstros. Todo esse cenário contribuía para amedrontar e afugentar. Só a partir do renascimento o homem conseguiu quebrar essa barreira e passa a admirar a natureza, criando assim o conceito de paisagem. Vale registrar que essa percepção da natureza surgiu nas classes abastadas, que possuíam tempo livre para atividades artísticas e culturais. Segundo Yazigi (2002) “filósofos do século XVIII, como Jean Jacques Rousseau e Schelle, consideravam o passeio pela natureza um verdadeiro alimento do corpo e do espírito.”

A paisagem urbana começa a ser retratada pela arte depois da revolução industrial, que foi a grande responsável pela consolidação e expansão das cidades. Grandes obras urbanísticas, largas avenidas, bairros, teatros foram fonte de inspiração para pintores e escritores da época. Mais tarde surgem os automóveis que também intervêm na dinâmica da paisagem urbana. A descoberta da fotografia, do cinema e posteriormente da televisão e vídeo tiveram um papel importantíssimo na evolução do conceito de paisagem devido ao seu poder de reproduzi-la e associá-la a uma história. É certo que a televisão muitas vezes banaliza a paisagem retratando-a de forma distorcida e em escalas diferentes para milhares de pessoas. Cria imagens e estereótipos homogêneos que influenciam na decisão coletiva do que é bonito, feio, bom e ruim. Por um lado isso aguça a curiosidade para conhecer o que foi mostrado pela televisão, mas por outro o indivíduo não precisa mais sair de casa para ver a paisagem.

Sobre o Conceito de Paisagem
A paisagem não passou a existir após o nascimento do homem, ela já estava lá. Mas só quando o homem presta atenção na paisagem é que surge o seu conceito. A paisagem é o que se vê. O real, o vivido, o sentido diferentemente para cada ser humano. Estes elaboram seleções pessoais, julgamentos de valor de acordo com a análise individual da percepção. Essa análise sofre influências sociais, culturais, ambientais, emocionais conforme o tipo de uso da paisagem para cada pessoa. Para Gomes (2001): “A paisagem como representação resulta da apreensão do olhar do indivíduo que por sua vez é condicionado por filtros fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos e da esfera da rememoração e da lembrança recorrente.”
Cada pessoa tem um julgamento de valor diferente ao se deparar com uma determinada paisagem. Se um turista decide passar um final de semana em um hotel fazenda vai passear no campo em dia ensolarado, nas montanhas, provavelmente o que o chamará mais a atenção serão as diferentes colorações dos campos, as flores, o verde, a natureza e os animais. Já o trabalhador rural, que cultiva a horta do hotel sua preocupação é com a limitação do espaço cultivado, a proteção contra as pragas e animais e se o clima estiver muito quente poderá comprometer seu trabalho. Para a família desse trabalhador, atravessar as montanhas a pé ou a cavalo para ir à escola, ou comprar algo na venda da cidade mais próxima é um incomodo. Já no ponto de vista de um motorista de caminhão que passa de fazenda em fazenda para apanhar a produção de leite e levá-la para a cooperativa na cidade, a paisagem pouco importa. Mas se o perguntarmos sobre o melhor trajeto e as condições da estrada certamente ele saberá informar com precisão. Ou seja, para cada observador a paisagem tem um sentido, seja de contemplação, utilitarista , estética e até mesmo indiferente.

Elementos e Componentes para Análise da Paisagem
Para uma analise cientifica da paisagem deve se observar os elementos visuais como forma, textura, cor, linha, escala, espaço e diversidade. Além disso , compreender e conhecer seus aspectos físicos como a terra, água , vegetação, estruturas e elementos artificiais (são estruturas espaciais criadas por diferentes tipos de solo, ou construções diversas de caráter pontual, linear ou superficial). Segundo Pires (1993) “a combinação dos elementos visuais cria composições pelas quais é possível definir qualidades estéticas similares às que geralmente são usadas no mundo artístico tais como unidade, intensidade e variedade. Tais qualidades poderão contribuir para a diferenciação das unidades da paisagem visualizadas.... Um ou vários componentes da paisagem podem adquirir um grande peso específico no conjunto da cena, sob condições especiais de singularidade associada à escassez, raridade, valor estético, interesse histórico etc.., ou quando dominam totalmente a cena...”
Um exemplo de como elementos visuais como as cores podem dominar a cena e sempre atrair mais o olhar em sua direção corre se observarmos um relevo montanhoso, com vegetação uniforme, verde clara ou escura e em uma parte encontrarmos sinais de erosão. Geralmente, dependendo obviamente do tipo de solo, as erosões remetem ao olhar do observador a cor avermelhada ou laranja. Essas cores fortes desviam a atenção puxando sempre para sua direção os olhos de quem a observa.
Segundo estudiosos, existe um número infinito de paisagens, pois elas estão em constante mutação. Seja por pressões antrópicas, clima, variação de luzes, configurações geográficas e dinâmicas da própria natureza. Para Bertrand (1971) “a paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialéticamente, uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.”
As condições de visibilibilidade do observador em relação à paisagem no momento da observação também são relevantes. A distância, a posição do observador, as condições atmosféricas e a iluminação entre outros fatores como o tempo de duração, o movimento do observador determinará a profundidade e o detalhamento da observação paisagística. A leitura dos signos estabelece uma relação com o espaço de vivência.

Paisagem e Turismo
A paisagem, sem dúvida nenhuma, é um elemento imprescindível e responsável pelo desenvolvimento e impulso da atividade turística. Não quero aqui afirmar que a paisagem é o fator único que define sobre as decisões de uma pessoa que quer viajar. Existem outros fatores como os negócios, visita a amigos e familiares, tratamento de saúde que fazem as pessoas se deslocarem independentemente do que será visto. Mas iremos tratar aqui especificamente da condição da paisagem como fator decisório para uma viagem. Nos dias de hoje é fácil notar a crescente procura por lugares que ofereçam às pessoas sensações de bem-estar físico e espiritual. A curiosidade e a vontade de vivênciar novas emoções leva milhares de turistas a movimentarem essa atividade que hoje é considerada uma das maiores do mundo. Ao ver uma imagem de uma paisagem o turista já se predispõe a imaginar como será suas férias, final de semana, feriado antes mesmo de viajar. A imagem tem esse poder de fazer com que as pessoas sonhem. Essa inquietude do ser humano em se deslocar e conhecer novos lugares se deve a diversos fatores, talvez a rotina seja o principal. O cotidiano cansa, pois repetir por anos e anos o ritual de acordar, tomar café, estudar ou trabalhar, almoçar, ter horas vagas e dias certos para o lazer, dormir leva as pessoas a buscarem novas experiências. A rotina não acontece apenas nos hábitos, mas também nas relações e principalmente nas repetições das paisagens do dia a dia, que com o passar do tempo atropelamos e nem mesmo conseguimos observá-las. Não quero dizer que o ser humano não necessite da rotina, de certa forma ela arremete certa sensação de segurança e estabilidade na vida das pessoas. Mas quebrar a rotina é fundamental e para isso, nada melhor do que viajar.

Há uma antiga vila na colina. Na verdade, é uma pequena montanha com alguma história interessante, chamado Moganshan. Casa 23 é a vila no topo, do seu terraço você ignorar a planície de Zhejiang, com vista que se estende quase todo o caminho de volta para Xangai. É mais próximo da montanha (pequena) para Xangai, e Casa 23 é mais agradável da casa (grande) sobre ele. Casa 23 foi construída em 1930 e pela primeira vez desde que seus proprietários originais para a esquerda, ele foi restaurado à sua antiga glória talvez até mais do que sua antiga glória, como não havia nem quente água corrente nem aquecimento central naqueles dias. Com seis quartos confortáveis, um bar acolhedor e um salão com lareira, sala de jantar grande, sala de jogos infantil e cozinha totalmente equipada (para auto restauradores), Casa 23 oferece um espaço flexível para todos. As extensas áreas de jardim e varanda com vista deslumbrante completam a atmosfera. Moganshan Casa 23 recriou exatamente o que foi feito para Moganshan: Uma felicidade pacífica fuga, país para as famílias e salientou os moradores da cidade, oferecendo brisa fresca no verão e um retiro acolhedor no Inverno, os grupos de famílias, grupos de amigos, e os viajantes individuais à procura de uma atmosfera íntima todos são bem-vindas na Casa 23. Oferecemos ainda espaço para retiros corporativos, workshops e conferências, enquanto há tempo reservado para relaxar e assistir o pôr do sol. Tipos criativos à procura de inspiração pode muito bem encontrá-lo aqui também. Navegue no site www.moganshanhouse23.com
Como vimos anteriormente as paisagens nunca são as mesmas, são muito variadas. E cada uma atrai um tipo de turista. Se uma pessoa mora em uma região onde o clima é frio e neva durante sete dos doze meses do ano, uma paisagem que ilustra o sol, mar, calor, será muito mais atrativa do que uma que oferece as mesmas condições climáticas de sua residência fixa. As culturas e o modo como elas podem moldar as paisagens também são fatores de atração. As pirâmides do Egito, a muralha da China, a arquitetura magnífica de Veneza e entre tantos outros são paisagens que despertam curiosidade, além de serem únicas, pois foram concebidas por povos diferentes, com costumes e crenças distintas, o que contribui imensamente para o turismo. Para Yazigi (1998): “A paisagem, indesvinculável da idéia de espaço, é constantemente refeita de acordo com os padrões locais de produção, da sociedade, da cultura, com os fatores geográficos e tem importante papel no direcionamento turístico. Não se trata de dizer que ela seja a única forma de atração, mas que pesa muito no contexto de outros fatores (meio de hospedagem, bons preços etc.). O turismo depende da visão.”
O turista na verdade é um colecionador de paisagens. Segundo Meneses (2002): “a paisagem, portanto, deve ser considerada como objeto de apropriação estética, sensorial.” O primeiro contato do turista com o local visitado acontece através da visão da paisagem. Durante um tour, o viajante se depara com uma diversidade enorme de paisagens, sejam naturais, culturais ou construídas, essas imagens é que permanecem no seu inconsciente e ao voltar para casa o turista se recorda dos lugares, das pessoas e das paisagens visitadas. Isso gera uma sensação de nostalgia além de acrescentar conhecimentos, e também leva as pessoas a cada vez mais buscarem o novo. Segundo Boullón (2002): “por mais diferente que seja, o resultado de uma viagem é o acúmulo de experiências e lembranças dos lugares por que passou.” O poder de atração de determinadas paisagens levam a sua reprodução construída artificialmente. Um bom exemplo disso são os grandes parques temáticos. Essas verdadeiras “ilhas da fantasia” simulam e reproduzem réplicas idênticas as originais e levam os visitantes a sentirem a sensação de que realmente presenciaram o original. Reproduzem não só as imagens, mas os costumes, a culinária, a raça, o cheiro. Esse mundo mágico, perfeito e divertido é um atrativo turístico bastante procurado. Mas essa pouca atenção que se dá na interpretação da paisagem muitas vezes leva o turista a lembranças confusas dos lugares que visitou. Mesmo que isso tenha acontecido a poucos dias ou meses. Muitos se confundem ao revelarem suas próprias fotos da viagem sem saber de onde são determinadas paisagens. Isso ocorre devido a ritmo acelerado da viagem, a pouca informação sobre os lugares visitados e até mesmo o despreparo dos guias locais. Para Boullón (2002): “Não viu tudo o que poderia ser visto, porque o processo de comunicação falhou, e a falha deve ser atribuída ao agente transmissor e não ao sujeito receptor, porque em turismo quem deve adaptar-se é o primeiro fator, dado que não podemos treinar o receptor, porque ele muda constantemente e é muito heterogêneo quanto a idade e nível cultural.”
Cruz (2002) aborda para uma reflexão interessante. Afinal, o que é uma paisagem turística? - “As paisagens turísticas, só existem em relação à sociedade. Elas não existem a priori, como um dado da natureza[...] é a ação social que dá sentido às paisagens, não o contrário”. Luchiari (1998), seguindo esse raciocínio concluiu que toda paisagem pode ser turística, depende apenas do seu observador e de como ele interpreta o sentido de cada paisagem.

Paisagem X Imagem X Turismo
O apelo visual é sem dúvida nenhuma o recurso mais usado para comercialização de um atrativo turístico. Um turista quando chega a uma agência de turismo, compra a imagem do lugar onde irá visitar. Essa imagem faz com que ele viaje antes mesmo de sair do lugar. A distância entre a paisagem e a imagem é enorme, pois a imagem pode ser trabalhada. Hoje em dia existem inúmeros recursos tecnológicos que transformam a imagem em verdadeiros paraísos para o futuro viajante. Os veículos de comunicação usam essa ferramenta com freqüência. A promoção turística da imagem deve ser utilizada para públicos específicos. A paisagem se modifica de acordo com o clima, o horário, a luz e outros fatores como vimos anteriormente. Essas variações também atraem pessoas diferentes. Uma paisagem montanhosa, se oferecida para casais em lua de mel, a melhor imagem é sem dúvida a que passa a impressão de frio, neblina, o que a torna mais aconchegante, romântica. Mas o mesmo local se ofertado para os amantes de esportes radicais e cachoeiras, a imagem deve estar luminosa, transmitir calor, com apelo para aventura. Essa é uma preocupação que o profissional de turismo deve ter constantemente. Não se pode oferecer ao turista uma imagem distorcida ou maquiada. Quando o turista chega ao local certamente irá se frustar, sentindo-se enganado porque não encontrou o que lhe foi oferecido na agência. O uso correto da imagem no turismo é uma questão que deve ser mais discutida entre os profissionais do setor. Não existem critérios nem normas para estabelecer até que ponto uma imagem poderá ser maquiada sem comprometer o produto real.

Cartão Postal e Paisagem
O cartão postal surge com o avanço da tecnologia de reprodução da paisagem. Ele se tornou uma ferramenta muito importante de comunicação na atividade turística. Um cartão postal é um sonho que o remetente realizou e deseja compartilhar com o destinatário. Desde sua criação até os dias de hoje, os cartões sofreram diversas modificações em sua estrutura, qualidade e até mesmo na função principal. Antigamente os cartões postais eram usados para informar a chegada das pessoas no destino. Com toda tecnologia que se tem hoje em dia, telefone, celulares e, sobretudo a internet, essa função tornou-se obsoleta. Porém, é interessante ressaltar que mesmo com toda a tecnologia da comunicação, especialmente a internet, com seus cartões cibernéticos, o mercado do cartão postal convencional não sofreu nenhuma queda. Isso se justifica pelo simples fato de que como é atualmente mais trabalhoso escrever, selar e colocar no correio o cartão postal, ao receber um, a pessoa se sente especial. E certamente quem enviou também quis demonstrar esse sentimento. Muitas vezes quem remeteu chega de viagem antes da chegada do cartão ao destinatário. Existem vários formatos e diferentes motivos de cartões postais. O formato mais comum é o 10x15 cm, podendo variar um pouco essas dimensões. Os motivos são variados dependendo das ocasiões, desde imagens de locais até cartões pré-escritos com diferentes mensagens de acordo com as datas especiais. Os cartões pré-escritos são mais impessoais, servem para mostrar que o destinatário foi lembrado por alguém. Já os cartões com imagens de locais visitados podem ser bem mais pessoais de acordo com a mensagem que vem anexada. Esse ultimo tipo de cartão é, do ponto de vista do marketing, um dos mais eficazes veículos como já foi dito anteriormente. Não somente um local turístico é capaz de vender cartões postais, mas o contrario também pode ocorrer, um bom cartão postal é capaz de despertar o interesse das pessoas em visitar um determinado local.

Considerações Finais
A paisagem faz parte do dia a dia de todas as pessoas. Mesmo que sem perceber, é a paisagem a fonte de inspiração para as atividades diárias. Um dia chuvoso e escuro não transmite a mesma sensação de animo e alegria de um dia iluminado e quente. Depende da paisagem para ficarmos dispostos e muitas vezes desanimados. Na atividade turística quando você leva o turista a interpretar a paisagem, você faz com que ele consiga perceber o significado das coisas. Interpretar leva tempo, e quanto mais tempo o turista permanecer no local visitado mais recursos ele irá deixar. São esses recursos que fazem com que o turismo aconteça como atividade econômica. O objetivo é fazer com que o turista crie uma relação afetiva com determinadas paisagens, o levando a interpretar cada signo, identificando os períodos históricos, o tipo de vegetação a influência das cores, do clima e tantos outros. Certamente isso proporcionará um acréscimo em seus conhecimentos gerais e consequentemente, se gostar do que viu, se tornará um propagandista do lugar. Ao retornar, com a família ou amigos, repetirá a experiência interpretativa com eles. Explicando o que aprendeu e sentiu na visita anterior. Infelizmente alguns empresários do ramo não conseguem perceber o valor da paisagem. Por exemplo, se analisarmos hoje os folhetos de pousadas rurais e hotéis fazenda a maioria deles traz estampado belíssimas instalações físicas, quartos bem decorados, piscina, sauna, quadras esportivas e uma ou nenhuma foto da paisagem local. A pousada não deveria ter a mesma função de um resort, onde o turista encontra tudo o que deseja no interior do hotel. A função da pousada é de proporcionar o turista uma boa estadia para que ele possa usufruir dos atrativos externos. Com isso, os proprietários desses estabelecimentos não se importam nem com a cidade onde estão localizados e muito mesmo em melhorar os atrativos existentes ou criar novos. Não existe relação afetiva com a paisagem local. Para o turismo de sol e mar isso é um pouco diferente, pois o apelo das praias é maior. O turista vai para praia e não para a pousada ou hotel. O hotel como bem denomina sua função deve ser um “meio de hospedagem” e não o fim. Outro ponto que não posso deixar de registrar é a pouca relação afetiva que a maioria das populações locais tem com a paisagem. Muitos moradores nem conseguem mais percebe-la. E como sensibilizar a população local para atividade turística se eles desconhecem o potencial paisagístico de sua cidade? Para os moradores, a cidade é um local de trabalho, moradia e não um atrativo turístico. Certamente eles se identificam mais com as atividades econômicas que mantém o município. Seja a exploração mineral, a agricultura, a pesca. O turismo não é prioridade. Isso leva algumas conseqüências como descaracterização do patrimônio histórico, desmatamento desnecessário, a valorização de tudo que representa o novo, o moderno. Tudo isso compromete o potencial turístico do lugar.

O vandalismo é algo que merece também uma profunda reflexão. Porque nos dias de hoje a depredação do patrimônio natural e principalmente o público e urbano tem sido tão freqüente? Um exemplo são as obras de revitalização da Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, cartão postal da cidade. Em menos e um mês após sua inauguração, as estátuas já se encontram quebradas, o patrimônio pichado e depredado. A falta de respeito e amor pelo local onde se mora é gritante. Para o turista que visita a cidade a impressão é péssima, de desleixo, de falta de cuidado. A maioria dos pichadores são jovens que deveriam estar trabalhando ou estudando e não nas ruas. Será que isso é um sinal de protesto, ou pura diversão? Não se sabe ao certo, mas deveriam haver punições mais severas para essas pessoas. O interesse individual não pode superar o coletivo.
Enfim, as paisagens devem ser valorizadas e preservadas para que gerações futuras possam usufruir. O turismo não tem como se desenvolver em sua plenitude se não levar em consideração o valor das paisagens.

Bibliografia
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BOULLÒN, Roberto C.: Planejamento do Espaço Turístico. Bauru.SP : EDUSP, 2002.
KRIPPENDORF, Jost: Sociologia do Turismo – Para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2000.
GOMES, Edvania: Paisagem, Imaginário e Espaço. Rio de Janeiro : Ed. UERJ, 2001.
PIRES, Paulo dos Santos: Procedimentos para Análise da Paisagem na Avaliação de Impactos Ambientais: 2.ed. 1993.
LUGINBUHL, Yves: Le Paysage Aujourd`hui et son Enseignement – L`information Geographique, 1996.
PROTET, Jean Claude: La Carta Postale, um Phenomene Touristique – Espaces.2002.
BERTRAND, G.: Cadernos de Ciências da Terra – Paisagem e Geografia Física Global – USP. São Paulo – 1971.
MENESES, Ulpiano T. Bezerra: A paisagem como fato cultural – in : Turismo e Paisagem – São Paulo: Contexto, 2002.
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da: As paisagens artificiais criadas pelo turismo – in : Turismo e Paisagem – São Paulo: Contexto, 2002.

Autora:
Jaisa H. Gontijo Bolson - Bacharel em Turismo com especialização em Educação de Formadores em Turismo pela EFESO/ Bolonha- Itália. Consultora da Fundação Israel Pinheiro. Ex-Superintendente da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais. Diretora de Projetos Especiais da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur.

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