terça-feira, 11 de outubro de 2011

Shamballa, reino da chama Purpura e Rubi (vídeos: Three Dog night, Oliver Shanti)

Segundo a lenda, em 780 dFA, o Manu Rudra, fundador do Império Uighur, recebeu ordens de seu deus para levar seu povo à Ilha Branca de Shamballa, então o santuário mais sagrado dos helcarianos. Teve uma visão que lhe mostrava seu povo vivendo, crescendo e se fortalecendo nas praias do Mar de Helcar. Seu Império seria fundado na própria Ilha Branca e uma grande cidade se ergueria na costa fronteira, cujo plano ditou com todas as ruas marcadas, inclusive suas larguras e o tamanho dos principais edifícios. A cidade foi cuidadosamente planejada décadas antes de chegar o povo que a habitaria, ao fim de uma guerra fulminante e sanguinária em que os despreparados helcarianos foram praticamente trucidados. Por mil anos se construiu essa capital. O Imperador e seu séquito instalaram-se inicialmente num alto promontório no noroeste da baía. O povo foi alojado na planície fértil que se estendia pela costa, em bairros provisórios que não interferissem no plano geral. Teve de dedicar nesse trabalho todo o tempo disponível além do estritamente necessário para cultivar a terra para sua própria sobrevivência. Foi aplicado muito ouro nas edificações, especialmente nas construídas de mármore branco. Os desenhos decorativos são formados por calcedônia branca polida e ônix negro. Outro artifício favorito consiste na combinação de jade verde escuro e pórfiro roxo. Não se faz uso de pinturas murais, nem de perspectiva. Grandes frisos pintados e em alto-relevo representam procissões, com todas as figuras do mesmo tamanho, sem dar idéia de distância ou espaço.

Dos morros se obtiveram metais e pedras de várias cores — brancas, cinzentas, vermelhas e verdes, bem como pórfiro de esplêndida púrpura. Utilizaram pedras imensas, algumas das quais com 50 metros de comprimento, transportadas sobre roletes com a ajuda de máquinas. Os magos do Manu as endureceram depois de talhadas e tornaram-nas mais leves por meio de magia, de modo que pudessem ser erguidas para ocupar seus lugares.

Do mar se erguem rochedos baixos, a partir dos quais a terra sobe gradualmente até chegar os montes azulados, a trinta quilômetros de distância. Apesar de exposto aos ventos frios do Norte, o panorama é magnífico. A cidade se espalha em forma de leque em volta da praia, estendendo-se por uma rampa suave. As ruas principais são tão largas que de suas extremidades nas colinas pode-se avistar a Ilha Branca, ponto culminante que domina toda a vida da cidade. Quatro vales se estendem do interior da cordilheira até a praia, separados um do outro por morros interpostos. O Manu disse ter recebido instruções para estabelecer as quatro tribos aliadas nesses vales, subordinada à quinta, dominante, estabelecida na capital. A cidade do continente, que recebeu o nome de Manova em homenagem ao Manu, espalha-se em forma de leque em torno da borda da costa, marinhando pelos morros. A Ilha Branca é o centro para o qual convergem as grandes ruas principais, de modo que, se atravessassem o mar interposto, terminariam na ilha.

A ilha tem uma forma levemente cônica. Edificaram-se ali esplêndidos templos de mármore branco com incrustações de ouro, cercados de arcos e minaretes, que cobriam a maior parte ilha e alçavam-se voltados para o vasto tempo central, coroado por uma cúpula imensa. A cúpula cobre um grande salão, onde os quatro Kumaras aparecem em ocasiões especiais. A vista da ilha que se descortina da extremidade de uma das ruas de Manova, a uns dezesseis quilômetros de distância, é impressionante, com todos os edifícios parecendo saltar no ar em direção à grande cúpula branca do centro, em meio ao mar azul de Helcar. Vista de cima, a Ilha Branca parece um círculo dividido por uma cruz, pois as ruas estão dispostas como quatro raios que coincidem no templo central. Visto do promontório do noroeste, onde fica o antigo Palácio Imperial, o conjunto parece um grande olho dentro de um triângulo, em torno do qual as linhas mais escuras da cidade no continente formam uma auréola. Uma ponte maciça liga a Ilha Branca ao continente e faz Manova ser conhecida também pelo nome de Cidade da Ponte. É uma construção em modilhão, lavrada de volutas maciças e decorada com grandes grupos de estatuária. As pedras da calçada medem 50 metros de comprimento e têm uma largura proporcional. A ponte tem um comprimento total de quatro quilômetros e uma largura de 25 metros.

O antigo palácio imperial, com uma área total de 200 hectares, ocupa um promontório no noroeste e hoje é mais utilizado como centro administrativo da burocracia imperial. O Manu passa a maior parte do seu tempo no novo palácio, menor (cerca de 30 hectares), mas bem mais luxuoso, que foi construído na Ilha Branca. A cidade sagrada de Shamballa, com 200.000 habitantes, ocupa um círculo de aproximadamente 3,5 quilômetros de raio e 40km2 dentro da Ilha Branca, cuja área total é de 80 quilômetros quadrados. Manova, no continente, tem 3,5 milhões de habitantes e ocupa uma área total de 280km2, estendendo-se, a partir das praias, por seis a nove quilômetros terra adentro. As duas, juntas, totalizam 3,7 milhões de habitantes, formando o terceiro maior centro urbano do planeta depois de Atlântis e Babel. Os quatro vales onde vivem as tribos aliadas têm, no total, 3.000km2 e 600.000 habitantes. Trata-se de uma área basicamente rural, pontilhada de aldeias e pequenas vilas.

Os descendentes dos invasores originais e suas tribos aliadas – que eram descendentes de hiperbóreos mais ou menos misturados com povos vizinhos – são considerados “hiboreanos”, isto é "fidalgos", e sujeitam-se a um código de honra. Todo trabalho, seja qual for, deve ser considerado honroso, se for feito para o Manu. Deve-se cultivar o sentimento da irmandade e cortesia mútua entre os hiboreanos. Devem demonstrar respeito e gratidão pelos mais velhos e uma completa ausência de auto-afirmação. Devem confiar uns nos outros e acreditar que os atos alheios são fruto de boas intenções, até prova em contrário. A palavra de um homem deve bastar; é considerado indigno de um hiboreano quebrá-la.

O sentimento de fraternidade, entretanto, não se estende para fora dos que são considerados hiboreanos. É o caso dos servos helcarianos, considerados astutos, matreiros e desmerecedores de confiança e tratados com acentuada reserva. Rigor, reserva e dureza caracterizam a política dos hiboreanos nos países por eles submetidos. Eles se mantêm em dignificada reserva, sem jamais dar-lhes consideração especial nem admiti-los no interior de suas casas, mas recebendo-os no pátio externo. Há casas e pátios separados para hospedagem dos estrangeiros, que são muito poucos, pois só eventualmente chegam caravanas de mercadores e embaixadores de outras nações. São recebidos com hospitalidade e cortesia formais, mas tratados sempre com uma reserva inalterável que assinala uma barreira intransponível. As pessoas têm um grande número de amigos e conhecidos. Os administradores são obrigados a conhecer todos os chefes de família de seus distritos e o conhecimento de um grande número de pessoas é uma das qualificações para um homem chegar a ser dignitário.

Magia e ciência, considerados conhecimentos secretos, são usados muito menos intensivamente que na Atlântida. As máquinas são mais simples e se utiliza mais trabalho manual. O Manu alega que não quer que seu povo imite o luxo, a sofisticação, o conforto, a rivalidade e o orgulho individualista dos atlantes. Os instrutores de ciências ocultas põem muito cuidado na seleção de discípulos, destinados a formar parte da casta sacerdotal. Um ministro do Manu exerce a superintendência das classes. Os estudantes mais adiantados têm para com o Estado o dever de manter as províncias do Império em mútuo contato. Para isso, há comissários para várias províncias, dando cada qual informação relativa à terra a seu cargo, obtida por clarividência e outros meios ocultos. Estudantes mais avançados transmitem por telepatia as instruções do Manu aos governadores e vice-reis, bem como suas mensagens de paz e guerra. Não há jornais, nem qualquer meio de informação pública além do Estado, que mantém um escritório de informação geral onde os cidadãos qualificados podem procurar as notícias que lhe interessarem. Não é costume dar-lhes publicidade generalizada. A religião consiste em louvores e ações de graças. As pessoas vivem cantando hinos de louvor, e vêem os deuses por trás das forças naturais. Todas as manhãs se entoam hinos, com alegria, às ninfas da Aurora. O Espírito do Sol e os quatro Kumaras são tidos por deuses. O planeta Vênus também recebe adoração, em virtude da tradição segundo a qual os Senhores da Chama tinham descido de Vênus. Adora-se o próprio Céu, e até o Átomo, como origem de todas as coisas e manifestação da Divindade em miniatura.

O Festival do Fogo Sagrado é celebrado todo Solstício de Verão. Uma infinidade de homens, mulheres e crianças marcham em procissão, de manhãzinha, ao longo das ruas que convergiam para o crescente fronteiro à Ponte. Bandeiras ondeiam nos edifícios, flores juncam as ruas, queima-se incenso, o povo veste sedas coloridas, pesadas jóias, ostentando esplêndidos ornamentos de coral e coroas e grinaldas de flores. Marcham tocando pratos de metal e buzinas de chifre. Ao atravessar a ponte em ordenada sucessão, cessam a música e passam em silêncio entre os templos e vão para nave do templo principal, onde se ergue o grande trono, talhado na rocha viva, incrustado de ouro, ricamente adornado de jóias e coberto de símbolos dourados. À frente do trono há um altar sobre o qual se amontoavam madeiras fragrantes. Acima dele, imenso Sol de ouro, uma meia esfera, projeta-se da parede. No alto da abóbada, o planeta Vênus pende no ar. Reunido o povo, entram os três supremos dignitários, envergando seus mantos de oficiantes. O sumo-sacerdote, ou Mahaguru, coloca-se atrás do imperador, ou Manu; e atrás dele postava-se o primeiro-ministro, ou Mahachohan.

No ar acima, num semicírculo, vestidos de púrpura e prata, coruscantes, surgem os deuses menores que se mantêm atentos, vigilantes e, próximo do trono, os três Kumaras menores. Todos os que rodeiam o trono entoavam uma suave invocação para que o deus supremo se junte a eles. De repente, soa uma nota aguda, o Sol de ouro flameja e, abaixo dele, sobre o trono, refulge uma Estrela brilhante. Aparece o senhor supremo da hierarquia, senta-se no trono, e todos se prosterna, caindo sobre os rostos e escondendo os olhos da glória ofuscante de sua presença.

O deus supremo suaviza seu esplendor para que todos possam ver o Sanat Kumara em toda a formosura de sua mocidade imutável. Estende suas mãos para o altar, e o fogo o envolve. Em seguida, desaparece; desvanece-se a Estrela, o Sol de ouro mal brilha, só o Fogo continua a arder. Os sacerdotes, então, reservam fragmentos incandescentes de madeira que são dados em vasos tampados aos sacerdotes, para que os levem a seus templos, e aos administradores distritais, para que os distribuam aos chefes de família de seus distritos.

As procissões tornam a formar-se e vão para a Cidade entre cânticos. Coloca-se o fogo sagrado sobre os altares familiares para acender a chama que têm de conservar viva durante o ano. Aos chefes de família que não tenham podido assistir à cerimônia, permitem acender uma tocha, pois até a cerimônia do ano seguinte não é possível adquirir fogo sagrado para os altares domésticos.

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